só e imóvel a velar, encardido pelo sol e pelo tempo, testemunho de prantos, lamentações e orações.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

oceanos



neste oceano de ar em que vivemos, em que há uma mistura total de tudo, respiramos o ar que os outros expiram, respiramos a fumaça dos escapamentos e ai vai........, existe tambem o mar de energia espiritual, em que nossa energia  interage com as dos outros seres vivos e a do planeta, e assim como no mundo fisico, em que até o bater de asas de uma borboleta causa uma pertubação, do mesmo jeito é no mundo espiritual .

By João

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Amor não correspondido



Débora amava Everaldo desde criança. E desde criança ele sempre a tratava como uma irmãzinha mais nova. Estava sempre por perto, ajudava a segurar todas as barras, secava suas lágrimas, a fazia rir, a levava para lá e para cá quando ela estava sem carro, até pagava as dívidas do seu cartão de crédito, mas não queria ir além daquilo. “Somos amigos, quero ser seu amigo para sempre!”. Mas ela queria mais, ela queria abraços que os transformassem em um só, queria beijos de tirar o fôlego, queria cenas de ciúmes, queria cartas de amor, serenata, sexo, carinho, quatro filhos, uma casa amarela, dois cachorros e um gato. Já tinha dito para ele, com todas as letras, ” eu te amo”, tinha se descabelado, tatuado o nome dele na pele com henna, dançado nua, pixado as paredes do quarto, mudado de cidade cinco vezes para segui-lo nas trocas de emprego, tinha se humilhado, implorado, chorado, gritado, tinha feito tudo o que as mulheres apaixonadas fazem e ido mais além. Ele continuava indiferente, oferecendo as migalhas de uma amizade que a torturava, mas sem a qual não sabia viver. Um dia, Débora desencantou. Ocorreu no dia em que aquele cara novo tinha entrado na sala de aula, sorrido para ela e perguntado se ali era a turma de Literatura Comparada I. Depois, puxou a cadeira sem cerimônia, sentou ao lado dela, pegou seu caderno de capa lilás e escreveu: “Oi, me chamo Orlando e você tem os olhos verdes mais bonitos que já vi na vida”! O mundo voltou a mover-se, a henna desbotou, uma pintura no quarto apagou o nome de Everaldo, outra pintura riscou por cima o de Orlando, tatuado com agulha, em letras verdes e brilhantes, na pele de Débora. A casa dos dois era amarela, mas o jardim tinha todas as cores. Tiveram dois filhos e duas filhas. Havia dois cachorros, o gato Snack e a coelha Pretinha…Everaldo? Corre atrás dela até hoje. Se descabela, implora, pinta seu nome nas paredes, se humilha, promete o céu, a lua, chora e lamenta o tempo perdido.






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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Drummond


As Sem-razões do Amor (Carlos Drummond de Andrade)

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

domingo, 10 de outubro de 2010

petroleo


   hoje passando em frente uma banca de jornal, vi na capa de uma revista estampado" petroleo, a tragédia americana" , referindo-se a tragédia do vazamento no golfo do méxico, Deus queira que num futuro bem próximo não seja essa a tragédia nossa tambem , o governo está vendendo um petroleo que ainda não explorou, está entrando dolar de rolo e muitos cidadãos estão empregando todas suas economias em ações da petrobrás, o governo há muito tempo faz um jogo perigoso de tampar seus rombos com dinheiro emprestado de fora , eu torcí muito para que lula chegasse lá, mais estou achando ele com uma arrogancia terrrivel , vive cuspindo no prato que comeu, o governo fernando henrique deixou tudo prontinho a economia enxuta fez uma redução de salarios e de pessoal , e o lula inchou novamente , lula em seus discursos não respeita os cabelos brancos do velho ex-presidente e esqueceu de dá a ele os créditos pelo sucesso economico do brasil.
   ví uma reportagem sobre o salão do automovel de paris e a tendencia mundial é pelo ecologico , a maioria do carros expostos eram eletricos e carros eletricos não consomem gasolina e assim o preço do petroleo vai cair mais e mais, e a aposta de nosso governo no petroleo............!



By João

sábado, 9 de outubro de 2010

ENTRE A NOITE E A AURORA

Silêncio, meu coração,
Que o espaço não te pode ouvir.
Silêncio, pois que os ares,
Carregados de gritos e lamentos
Não podem percurtir teu canto.
Silêncio, que as imagens que, fugazes,
Erram pela noite
Não darão atenção
Aos murmúrios dos teus segredos,
Nem as procissões de trevas
Se deterão ante os teus sonhos.
Silêncio, meu coração,
Até que a madrugada venha.
Pois quem, pacientemente,
Espera pelo despertar do dia,
O encontrará, por certo.
E quem ama a luz,
Pela luz será também amado.

KHALIL GIBRAN

terça-feira, 5 de outubro de 2010

procura-se um amigo

Vinicius de Moraes




Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.
 

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.
 

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.
 

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.
 

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Renuncia



Eu queria uma vida assim com você,
Assim sem relógio e sem dedo em riste,
Sem lei e sem sociedade,
Sem satisfação e sem chau!
Eu queria uma vida assim com você,
Mas, felizmente, meu querer não é tudo
E meu poder é limitado.
Felizmente, minha palavra se esvai
E este papel se amarela.
Felizmente porque o bom é a espera.
A incerteza e o talvez são molas propulsoras;
Porque senão a alegria não teria razão
E o chegar não teria partida.
Eu queria uma vida assim com você,
Sem lenço e sem documento,
Mas, o bacana é o adeus, é a volta,
É o riso depois do choro,
É o hoje sofrido e o amanhã exultante.
O bacana é o crescente, a renúncia,
A noite mal dormida, a consciência,
O bacana é a luta,
É saber que existe o perdão.
É a dúvida do "não quero", mas quero!
Eu queria uma vida assim com você,
Mas dou graças por não ter,
Porque só assim eu posso escrever tudo isto,
Só assim eu posso medir-me,
Posso certificar a limitação humana.
Só assim eu sei que nada sou,
Que vivo capengando,
Carregando o que dá
E caindo com o que não dá.
Só assim eu sei o quanto lhe quero,
quanto posso, mas o quanto não devo!

neimar de barros